O tratamento realizado por dentistas, mas ainda
desconhecido por pacientes, ajuda a reduzir os efeitos colaterais da
quimioterapia e radioterapia e garante melhor qualidade de vida aos pacientes de
câncer.
A odontologia avançada tem permitido aos
dentistas não apenas detectar precocemente alguns tipos de câncer que se
manifestam na boca, como também auxiliar no alívio da dor e no controle de
efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia. O tratamento, embora com
eficácia comprovada na literatura internacional, ainda é desconhecido por muitos
pacientes oncológicos. Prova disso é que, embora a Faculdade de Odontologia São
Leopoldo Mandic ofereça esse serviço desde 2008, apenas 20 pacientes foram
submetidos à laserterapia até hoje.
A laserterapia consiste basicamente na
aplicação de laser nas úlceras, edemas, inflamações e hemorragias decorrentes da
radioterapia e quimioterapia. De acordo com levantamento realizado pelos
professores dos cursos de Especialização e Capacitação em Laser da Faculdade de
Odontologia São Leopoldo Mandic, cerca de 40% dos pacientes submetidos à
quimioterapia e 100% dos que recebem radioterapia de cabeça e pescoço
desenvolvem a mucosite oral (aftas na boca), manifestada na forma de edema,
sangramento e eritema (inflamação) na cavidade bucal. Essas úlceras praticamente
impedem a boa alimentação do paciente devido à dor que o paciente sente ao ter
contato com o alimento ou bebidas.
“A Laserterapia alivia a dor e melhora a
qualidade de vida do paciente ao permitir que ele passe a se alimentar mais
adequadamente, tenha um aumento na salivação e melhore o paladar, ajudando em
sua recuperação. A intensidade da dor é variável em cada paciente, mas, de
maneira geral, essas úlceras (aftas) comprometem a mastigação de alimentos,
levando, muitas vezes, à alimentação por sonda, e dificultam até a fala”,
explica Daiane Thais Meneguzzo, coordenadora dos cursos de Especialização e
Capacitação em Laser da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, de
Campinas.
Segundo a especialista, a intensidade da
mucosite pode ser um fator limitante, obrigando até mesmo a interrupção do
tratamento oncológico e dificultando o controle da doença. Os tratamentos
convencionais são paliativos e de eficácia bastante inferior aos benefícios
alcançados pela laserterapia.
“A luz laser de baixa intensidade atua de forma
indolor, alivia a dor e não apenas promove a aceleração da cicatrização das
úlceras como, ainda, previne futuros episódios de mucosite oral”,
explica.
Avaliação bucal
Daiane orienta os pacientes que serão
submetidos ao tratamento oncológico para que consultem um cirurgião-dentista
antes do início da quimioterapia ou da radioterapia para a avaliação da sua
saúde bucal, visando, no caso do aparecimento da mucosite oral, a utilização da
laserterapia para o tratamento ou prevenção de lesões.
De acordo com o INCA - Instituto Nacional do
Câncer -, o Brasil deve registrar 489.270 novos casos de câncer neste ano, sendo
236.240 casos novos para o sexo masculino e 253.030 para sexo feminino. As
neoplasias (tumores) malignas constituem-se a segunda causa de morte na
população brasileira, representando quase 17% dos óbitos de causa
conhecida.
A laserterapia vem sendo realizada desde 2008
pelo Centro de Tratamento de Doenças da Boca da Faculdade da Faculdade São
Leopoldo Mandic, em Campinas. Nesse período, somente 20 pacientes procuraram
esta modalidade de tratamento.
O atendimento gratuito é feito aos pacientes
que procuram pela faculdade, são encaminhados por profissionais ou que já estão
em tratamento na própria faculdade. Para o atendimento é necessário o
agendamento por meio do telefone (19) 3211-3700, de segunda a sexta, das 8h às
18h.
A Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic
oferece todos os tipos de atendimentos com laserterapia e laser cirurgia (junto
ao Centro de Tratamento de Doenças da Boca) voltados para a Odontologia. Segundo
Daiane Thais Meneguzzo, coordenadora de cursos na área, os alunos de graduação
em Odontologia contam, no último semestre, com 40h/aula de laser, abordando a
laserterapia, laser cirurgia, clareamento dental com luz, diagnóstico óptico e
terapia fotodinâmica, o que os prepara e os diferencia para o mercado de
trabalho. No centro de pós-graduação da SLMandic são oferecidos os cursos de
Especialização em Laser e Capacitação em Laser. Os cursos são teóricos/clínicos
e reconhecidos pelo MEC - Ministério da Educação. “Os cursos são indicados
principalmente para profissionais que já possuem o equipamento laser e desejam
aprender melhor suas aplicabilidades e conceitos”, indica Daiane.
A capacitação do profissional na área é
fundamental para que o paciente possa usufruir de todos os benefícios que o
laser oferece. “A grande dificuldade na laserterapia não está no manuseio dos
equipamentos, que estão cada vez mais simplificados e portáteis, mas na
dosimetria, ou seja, saber a dose a ser irradiada em cada situação clínica e
adequá-la para cada paciente. Esta dose pode variar de acordo com a lesão,
paciente e equipamento utilizado. Apenas o profissional capacitado terá
resultados clínicos satisfatórios. Um exemplo é o tratamento da herpes, cujas
vesículas podem até ser agravadas se uma dosagem errada de laser for aplicada”,
diz Daiane Meneguzzo.
Aplicações
A laserterapia é indicada para acelerar a
cicatrização, modular a inflamação, promover analgesia (alívio na percepção da
dor) e, quando associada a um corante, tem ação antimicrobiana. Por isso, é
utilizada em praticamente todas as especialidades odontológicas. “Em cirurgias
orais, por exemplo, a laserterapia complementa a técnica convencional,
melhorando o pós-operatório, diminuindo a dor e o edema e acelerando a
cicatrização. No entanto, outros tratamentos já são realizados com o uso
exclusivo do laser, como a prevenção e o tratamento de aftas e herpes simples,
neuralgia do trigêmio (tipo de dor que afeta o 5º nervo do crânio, que inerva a
maior parte dos tecidos orais e faciais), parestesias, paralisias faciais
(sensações estranhas, como entorpecimento, formigueiro e dor), xerostomia
(secura da boca) etc.”, explica Daiane Meneguzzo.
Por meio da laserterapia, além da mucosite
oral, o dentista pode realizar os seguintes tratamentos: hipersensibilidade
dentinária; aceleração da cicatrização, redução do edema e analgesia
pós-cirúrgica (exodontias, implantodontia, cirurgias periodontais e
endodônticas); disfunção da ATM (articulação têmporomandibular) com efeito
analgésico, antiinflamatório e relaxante muscular; prevenção e tratamento da
herpes simples e aftas recorrentes; tratamento de estomatite herpética primária;
cicatrização e estimulação das glândulas salivares (para casos de xerostomia:
falta de saliva); estimulação da movimentação ortodôntica e redução da
inflamação e dor pós ativação do aparelho ortodôntico; tratamento de lesões
nervosas: parestesia, neuralgia do trigêmio e paralisia facial; ação
antiinflamatória e de cicatrização pós-raspagem periodontal e pós-instrumentação
endodôntica; ação antimicrobiana em bolsas periodontais e canais radiculares -
quando utilizada a técnica Terapia Fotodinâmica (PDT), que associa o laser
vermelho com um corante fotossensível; tratamento de alguns tipos de disgeusia
(alteração de paladar); aceleração da osseointegração na implantodontia;
neoformação e bioestimulação óssea em defeitos ósseos; aumento da
microcirculação local, sendo favorável na enxertia e em tecidos com falta de
suprimento sanguíneo.
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